Planeta esgotou ontem (29/07) todos os recursos que tinha para o ano de 2019

tir do dia 29 de julho de 2019 o planeta Terra começa a consumir mais recursos do que consegue regenerar. A informação é da Global Footprint Network, uma organização responsável por cálculos que marcam a Pegada Ecológica, a marca deixada pela humanidade na Terra.

Todos os anos essa estimativa é feita por órgãos ambientais e projetos focados na conscientização, mas a data nunca ocorreu de forma tão antecipada. O Dia da Sobrecarga da Terra, como é chamado esse fenômeno analisado, é o momento em que o déficit ecológico supera a capacidade do planeta de providenciar recursos devido à velocidade de consumo da humanidade.

1969 foi o último ano em que a Terra suportou o tanto que consumia

Se há 20 anos, essa data caiu em 29 de setembro, há dez anos, em 18 de agosto e agora marcamos o 29 de julho como limite, há um indício de que o atual padrão de consumo está encurtando o tempo de duração dos recursos.

A especialista em conservação do WWF-Brasil Renata Camargo explica que a data, cada vez mais antecipada, é reflexo, entre outras coisas, do aumento do consumo e da pegada de carbono. “Cada vez mais, num âmbito global, a gente está aumentando as emissões de combustíveis fósseis e isso causa uma sobrecarga enorme na Terra”, descreve.

Pressão do consumo e queda da biocapacidade são fatores para a sobrecarga — Foto: Ananda Porto/TG

Pressão do consumo e queda da biocapacidade são fatores para a sobrecarga — Foto: Ananda Porto/TG

A emissão de carbono representa 60% do impacto das ações humanas no planeta e muitos outros fatores estão encurtando o tempo de vida da Terra. “O reflexo disso é que a gente está sobrecarregando os recursos naturais para as próximas gerações e gerando consequências que vão desde a escassez de alimentos até desequilíbrios naturais, como secas e chuvas excessivas”, explica Renata.

Projeções moderadas das Nações Unidas para o aumento da população e do consumo indicam que em 2030 precisaríamos de dois planetas Terra para acompanhar o nível de demanda por recursos naturais. O cálculo, que também é feito para os países, mostra o que ocorreria a nível global se toda a humanidade consumisse como as pessoas daquela nação.

No caso do Brasil, a data da sobrecarga seria dois dias depois, em 31 de julho de 2019 e precisaríamos de 1,8 planeta se a população mundial seguisse o padrão dos brasileiros. “A situação do Brasil, nesse sentido, é um pouco diferente da global. Nossa pressão não vem do consumo per capta, porque a gente ainda tem muitas pessoas abaixo da linha da pobreza. O que nos pressiona, de fato, é a questão da biocapacidade”, explica a especialista.

Confira a relação da Pegada Ecológica de cada um dos países  — Foto: Divulgação/WWF-Brasil

Confira a relação da Pegada Ecológica de cada um dos países — Foto: Divulgação/WWF-Brasil

Biocapacidade é o quanto as terras agrícolas, pastagens, terras florestais, áreas de pesca e terras construídas conseguem produzir. “No Brasil, a gente tem uma percepção equivocada de que o país é um dos que mais preserva. Mas, desde má gestão, falta de fiscalização, crime e exploração ilegal, especulação imobiliária, corrupção e irregularidade, a pressão do consumo gera um impacto direto”, descreve Renata.

A especialista em conservação ainda destaca que o processo de comando e controle das florestas, que vinha apresentando certa eficiência, perdeu muito, especialmente no último semestre. Por conta disso, ela explica que o cálculo é importante, não só para medir a forma com que cada um se comporta na relação com mundo.

“Esse dado pode contribuir para consciência política melhor, que possa reduzir a pressão sobre as nossas reservas. Há o impacto do indivíduo, mas essa pressão com relação à proteção também deve ser feita na hora das escolhas mais conscientes para os cargos políticos”, defende a especialista.

Data da sobrecarga não esteve tão próxima do início do ano — Foto: Divulgação/WWF-Brasil

Data da sobrecarga não esteve tão próxima do início do ano — Foto: Divulgação/WWF-Brasil

Dicas para reduzir a pegada ecológica

O WWF-Brasil indica como proposta tentar postergar o Dia de Sobrecarga da Terra, todos os anos, em cinco dias. Diante dessa estimativa, a organização acredita que, em menos de três décadas, estaremos dentro dos limites do planeta. Para atingir essa meta, as dicas são simples e devem ser constantes no cotidiano.

Tardar a data da sobrecarga da Terra é trabalhar para diminuir a pegada individual — Foto: Arte/TG

Tardar a data da sobrecarga da Terra é trabalhar para diminuir a pegada individual — Foto: Arte/TG

Como calcular a sobrecarga?

Em 2006, o Global Footprint Network se juntou com o pesquisador Andrew Simms, que já vinha pesquisando sobre o quanto a passagem pelo homem pela Terra (sua pegada) impactava na vida no local. Simms não foi o primeiro em pensar no assunto. Desde 1970, a preocupação estava mais latente. Renata Camargo explica que o ano anterior, 1969, foi o último em que a Terra suportou o tanto que consumia.

Para que a data de hoje fosse estabelecida como o marco final dos recursos, houve a análise da Pegada Ecológica Mundial, uma espécie de “calculadora” da marca deixada pelos indivíduos na Terra feita anualmente. Para medir o impacto das ações, avalia-se temas como alimentação, moradia, bens, serviços, uso tabaco e até formas transporte.

É possível calcular sua pegada na Terra e descobrir quantos planetas seriam necessários se todos consumissem como o seu estilo de vida. “É uma análise que a gente precisa refazer sobre a forma que a gente está vivendo na Terra. Você com a visão do presente, olhar para uma geração futura”, explica a especialista do WWF-Brasil.

Fonte: G1

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